domingo, 26 de junio de 2016

Histórias da história...real...

Quando Sua Majestade Luís XIV adoeceu!! Muito interessante este facto histórico...
Ao sentar-se no seu coche, se terá picado na ponta de uma pena da almofada do assento, a picada infetou e causou um pequeno abcesso no ânus que devia ter sido logo aberto e drenado. Os médicos do rei, receosos de intervir nas bases da monarquia, optaram por um tratamento mais leve à base de unguentos. Este tratamento não deu qualquer resultado e ao fim de quatro meses o rei continuava com o abcesso e com dores insuportáveis.
Em meados de maio os cirurgiões diagnosticaram uma fístula o que os deixou  transtornadíssimos e finalmente o 1.º cirurgião, Félix de Tassy, decidiu-se por uma intervenção para abrir o abcesso. Para isso desenhou um instrumento especial, uma verdadeira peça de ourivesaria com lâmina de prata.
Mas foram precisos mais 5 meses para fabricar esse instrumento precioso.
A operação só foi feita no dia 17 de novembro, sem anestesia, e foram necessárias mais duas intervenções porque foi muito difícil 
fechar a ferida para que pudesse cicatrizar.
Só no Natal de 1686 os cirurgiões declararam o rei como curado, o que pôs fim aos rumores que no estrangeiro já corriam de que Luis XIV agonizava.
Como ação de graças foram rezadas muitas missas em todo o reino e as Senhoras da Maison Royale de Saint-Louis, em Saint Cyr (colégio interno feminino criado por Mme de Maintenon) decidiram compor um cântico para celebrar a cura do rei.

A superiora, Mme de Brino (sobrinha de Mme de Maintenon), escreveu os seguintes versos:

    Grand Dieu sauve le roi !
    Longs jours à notre roi !
    Vive le roi. A lui victoire,
    Bonheur et gloire !
    Qu'il ait un règne heureux
    Et l'appui des cieux !

Os versos foram entregues a Jean-Baptiste Lully para que este compusesse a música e as meninas de Saint Cyr passaram a cantar 
este pequeno cântico sempre que o rei vinha visitar o colégio.
Anos mais tarde, em 1714, o compositor Georg Friedrich Haendel, de passagem por Versalhes, ouviu este cântico e achou-o tão belo que tomou nota da letra e da música. Mais tarde, já em Londres, Haendel pediu a um clérigo chamado Carrey para lhe traduzir
os versos de Mme de Briton. O padre traduziu-lhe de imediato a letra e escreveu estas palavras que iriam dar a volta ao Mundo:

    God save our gracious King,
    Long life our noble King,
    God save the King!
    Send him victorious
    Happy and glorious
    Long to reign over us,
    God save the King !

Haendel agradeceu-lhe e dirigiu-se de imediato à Corte onde ofereceu ao rei - como se fosse de sua autoria - o cântico das Meninas 
de Saint Cyr.
George I, encantado, felicitou o compositor e determinou que daí em diante o "God save the King" devia ser sempre executado nas cerimónias oficiais. E foi assim que este hino, que nos parece profundamente britânico, nasceu da colaboração:

- de uma francesa (Mme de Brinon),
- de um italiano naturalizado francês (Jean-Baptiste Lully - ou Lulli) ,
- de um inglês (Carrey),
- de um alemão naturalizado inglês (Georg Friedrich Händel - ou Haendel),
- do ânus de Sua Majestade Luis XIV.

De facto, um verdadeiro hino europeu!
Duas questões:
- Se Louis XIV por acaso não tivesse enfiado uma pena no real traseiro, qual seria hoje o hino britânico?
- Acham possível que a partir de hoje possam ouvir o "God save the Queen" sem pensar naquela pena?

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